Hoje o Brasil Rocker tem a honra de trazer uma entrevista com o ex-tecladista da lendária banda Recordando o Vale das Maçãs, e hoje em dia está com a banda Lee Recorda, que já possui um CD lançado em 2015, e um novo EP que está por vir.
Lee, saiba que é uma honra para mim estar fazendo essa entrevista com você, que considero um dos melhores músicos da música progressiva nacional. Seja bem vindo e fique à vontade!!
Lee: Agradeço sua dedicação ao meu trabalho, valeu messssmo!!
Lee, saiba que é uma honra para mim estar fazendo essa entrevista com você, que considero um dos melhores músicos da música progressiva nacional. Seja bem vindo e fique à vontade!!
Lee: Agradeço sua dedicação ao meu trabalho, valeu messssmo!!
Como a música entrou na sua vida?
Lee: A música entrou na minha vida de uma forma natural, ouvindo meus pais cantando em dueto. Com 4 anos me apresentei pela primeira vez em um programa infantil da TV Record, cantando, o programa chamava Pim Pam Pum.Ao vivo.
Quais os músicos e bandas que mais te influenciaram?
Lee: Tive muitas influências de cantores, compositores, pianistas e violonistas, entre eles Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Toquinho, Beatles, Rick Wakeman, Genesis, Novos Baianos, Mutantes e outros.
Como você entrou na banda Recordando o Vale das Maçãs?
Lee: Entrei pro RVM em 1975 a convite de um amigo, o Pavitra, que é compositor, cantor e ator. Apresentei minha música Rancho, Filhos e Mulher e logo a banda toda me convidou pra fazer um som com eles.
De onde surgiu o nome "Recordando o Vale das Maçãs"?
Lee: Esse nome surgiu em Ouro Preto, para uma música que veio mais tarde ser o nome da banda... acho que quem deu a ideia foi o Motta e Domingos, nessa época era um trio instrumental.
Em 1977, é lançado o lendário LP "As Crianças da Nova Floresta". Qual foi a repercussão desse disco na época? Rendeu muitos shows?
Lee: O LP veio de um contacto que fiz com a gravadora GTA da TV TUPI , na época eu trabalhava em um estúdio na Mooca e em uma gravação de uma peça de teatro com a família Gular. Dois dos atores da peça me disse que estava abrindo uma gravadora nova da TV TUPI e que precisavam de uma nova banda....Fui imediatamente na gravadora levar uma fita demo. Infelizmente o LP era confundido com músicas infantis ou de estórias, em algumas lojas ficavam na seção infantil, além disso houve um grave erro de impressão saindo o lado B com uma outra gravação, isso deu uma queimada feia na banda, a meu ver.
Existe alguma história engraçada da banda nessa época?
Lee: Claro que existem várias estórias engraçadas, mas a que mais marcou foi em uma apresentação ao vivo na TV TUPI no programa Almoço com as Estrelas, quando entrou o playback com a gravação errada que dizia "Jesus me chama"... Eu pedi pra parar o som e disse que Jesus não estava chamando ninguém ali... rsrs. Foi aí que descobrimos a prensagem errada do LP.
Era muito difícil lançar discos naquela época, principalmente no Brasil. O Recordando o Vale das Maçãs tem músicas que não entraram no disco de 1977?
Lee: Sim era muito difícil gravar naquela época, ainda mais com esse tipo de som não muito comercial. Músicas ficaram de fora assim como arranjos que regravei no meu CD LEE RECORDA. A qualidade de som e os recursos de estúdio ficaram a desejar.
Em 1982, é lançado um compacto do Recordando o Vale das Maçãs, com as músicas "Sorriso de Verão" e "Flores na Estrada". De onde surgiu a ideia de lançarem esse compacto?
Lee: O produtor Arnaldo Saccomani pediu uma música romântica, bonita no padrão do RVM e eu fiz Sorriso de Verão no verão seguinte, mas por falta de comunicação entre a banda talvez por ser férias e tal, acabei perdendo o contato com esse produtor, foi quando fizemos uma fita demo em Curitiba.....essa fita começou tocar muito nas rádios de Santos foi aí que resolvemos fazer um compacto simples independente pois o custo seria muito alto pra fazer outro LP... Se eu ganhasse um centavo cada vez que tocou em rádio principalmente da Baixada Santista, estaria muito rico rsrs.
Lee: Toquei em muitas bandas principalmente de Santos, morei um ano no México onde fiz muitos shows sozinho e com o Correio Musical Brasileiro, banda Saravá, Trio Maculelê entre muitas outras... Toquei até em banda de pagode onde gravei Sorriso de Verão em samba mas nada rolou. Em navios toquei por quase 10 anos com a banda santista Via Brasil, com cantoras e solo......Tive também o Trio San.
Na década de 1990, o Recordando o Vale das Maçãs lança um CD instrumental pela Progressive Rock Worldwide, com algumas músicas do "As Crianças da Nova Floresta", e outras que não entraram no disco. Como foi voltar com a banda, após tantos anos, e tocar músicas do disco de 1977 (e outras inéditas) em versões instrumentais?
Lee: Pra mim foi um tanto frustrante voltar gravar as mesmas músicas com versão instrumental... Acho que o RVM perdeu muito sem as letras legais que tínhamos, pra mim RVM sem voz e letras, não tem graça. Não curto esse lado do RVM apesar de ter participado e muito na gravação desse CD instrumental, que por sinal foi no mesmo estúdio que os Mamonas Assassinas gravou. Teve a produção do Rick Bonadio mas não teve o menor interesse pelo RVM. O bom disso tudo é que consegui gravar minha música Water (Água) nesse CD, mas gosto muito mais da pegada atual com a Lee Recorda.
E nos anos 2000, você forma a banda Lee Recorda, que como o nome diz, recorda o seu trabalho no Recordando o Vale das Maçãs, além de outras músicas. Como foi para você voltar com uma banda autoral após tantos anos?
Lee: Eu sempre quis isso pra minha vida, aliás comecei na música como compositor tocando e ganhando vários festivais, até que comecei tocar na noite e fiquei nessa por muuuito tempo, a ideia de recordar o vale sempre me acompanhou, antes fiz alguns CDs com bandas de Santos mas queria mesmo era uma música de qualidade. A ideia era ser Lee Recorda o Vale das Maçãs mas um dos fundadores da banda registrou o RVM no nome dele e me ameaçou com advogado prejudicando muito meu trabalho perdi até o empresário que me ofereceu parceria, mas graças à minha esposa e amigos de verdade conseguimos levar a ideia a diante, com muito esforço ...
Em 2010, você é convidado para tocar no álbum Reunião, de seu ex-companheiros de banda, o Fernando Motta e Domingos Mariotti. Como foi reencontrar os companheiros de banda para tocar um repertório novo, que não eram do RVM, vocês compuseram tudo em estúdio e tal?
Lee: Motta e Domingos tem muitos temas instrumentais, fiquei feliz em participar, me dou muito bem com eles, mas em shows vieram "personas non gratas" e preferi não participar dos shows... Mas foi muito legal estar com eles em estúdio.
Você também ensina música a crianças na USP. Para você, como é mostrar e ensinar a criançada o maravilhoso mundo da música?
Lee: Adoro criança e adoro música, pra mim é muito gratificante poder passar um pouco do que aprendi ou ainda tento aprender para a galerinha do futuro.
No ano de 2015, o Lee Recorda lança o primeiro CD. Quais suas impressões sobre esse disco?
Lee: Na real o CD Lee Recorda foi uma homenagem ao grande criador das Crianças da Nova Floresta, o Milton Bernardes, nosso Miltão, além de compor obras lindas, tocava uma bateria diferente de outros bateristas e tinha uma voz linda, além de ser um grande amigo... Tentei também melhorar a qualidade do som que no LP não tem, pois foi gravado em condições muito precárias e sem muita experiência de estúdio por nossa parte.
Entre esses mais de 40 anos de carreira, qual o show mais marcante de sua carreira?
Lee: O show mais marcante da minha carreira é sempre o mais recente...
Quais os planos para o futuro do Lee Recorda?
Lee: Os planos para o futuro da Lee Recorda é manter viva a obra do Miltão que ainda tem muita música boa a serem gravadas com voz, e manter minhas obras também vivas , além de manter a melhor época do RVM que tinham músicas cantadas.
Lee, muito obrigado por conceder essa entrevista, foi uma grande honra para mim, um fã de seu trabalho. Músicos como você deveriam ter mais conhecimento no cenário musical brasileiro. Passo a palavra para você, caso queira deixar alguma mensagem aos seus fãs e leitores do Blog...
Lee: Espero ter respondido à altura todas as perguntas. Obrigado pelo seu interesse pelo meu trabalho... Grande abraço!
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