terça-feira, 28 de agosto de 2018

Entrevista Gerson Conrad

Hoje o Blog Brasil Rocker tem a honra de apresentar uma entrevista com o músico Gerson Conrad, ex-integrante da lendária banda Secos & Molhados, e atualmente vem trabalhando em sua carreira solo, com o disco "Lago Azul". Divirtam-se!!!


Gerson, é uma grande honra entrevistar você, que participou de uma das maiores bandas da história do Rock Nacional. Seja bem vindo, e sinta-se à vontade!!! Vamos lá: como a música entrou na sua vida?

Gerson:Meu contato e interesse por música se deu por incentivo e exemplo familiar aos meus (8) oito anos de idade. Meu avô materno era um tenor que chegou a ter um disco gravado na década de (40) quarenta e, tanto minha avó quanto minha mãe e sua irmã, tocavam piano, sendo minha tia, uma concertista de piano e minha primeira professora. A educação artística/musical era obrigatória em minha família.

Quais os artistas e bandas que mais te influenciaram?

Gerson: Na época, ouvia-se muita música jovem italiana, Elvis Presley, Chuck Burry entre outros, além da Bossa Nova é claro. Minhas influências musicais certamente nascem dentro desse cenário. Contudo, atribuo aos Beatles minhas referências.



O Secos & Molhados foi sua primeira banda?

Gerson: Sim, o Secos & Molhados foi meu primeiro grupo.

Como os integrantes da banda se conheceram?

Gerson: Conheci João Ricardo em 1967, pelo fato de ser meu vizinho e, logo começamos a idealizar o que se tornaria o Secos & Molhados. Ney Matogrosso conhecemos dois anos mais tarde por intermédio de Lulih compositora e amiga carioca.



De onde surgiu a ideia de criarem uma banda?

Gerson: Surgiu de meus encontros quase que diários com João Ricardo em tardes sonoras, em minha casa ou na casa dele.

Já vi alguns dizerem que o som dos Secos & Molhados é Progressivo, outros um Rock com MPB... Como você define o som da banda?

Gerson: Eclético, diria. Nossa proposta era fazer uma música de cunho universal, sem bairrismos ou regionalismos.

A banda era muito "extravagante" para a época, em relação ao visual e performance. A ditadura causou muitos problemas para a banda?

Gerson: Havia uma atenção aos nossos movimentos nesse período. Contudo, o que mais nos incomodava era a censura.


Em 1973, é lançado o álbum homônimo, um marco na história do Rock Nacional. A banda já tinha uma certa fama antes do lançamento desse disco, ou foi ele que alavancou a banda?

Gerson: O grupo alcançou uma certa notoriedade por ocasião de nossa primeira apresentação ao vivo, na Casa de Badalação e Tédio (Teatro Ruth Escobar) em São Paulo mas, foi após o lançamento do LP que nos tornamos nacionalmente conhecidos.

A música "Rosa de Hiroshima" é um poema de Vinicius de Moraes, "musicalizado" por você, e ele ficou muito feliz com isso. Você chegou a conversar com ele sobre isso?

Gerson: Conheci Vinícius de Moraes nos bastidores e camarins da TV Bandeirantes quando ambos gravávamos um programa da emissora. Ali apresentei minha composição a ele. Vinícius se emocionou e disse que minha música eternizaria seu poema, que até então não era tão conhecido.

Na capa do primeiro álbum, aparece apenas o Marcelo Frias da banda de apoio. O que aconteceu para que Willy Verdaguer e John Flavin não aparecerem na capa?

Gerson: Marcelo Frias, foi o único músico que em um primeiro momento, aceitou nosso convite para ser um integrante do grupo. Os outros músicos, preferiram trabalhar na condição de contratados.


Conte-nos sobre a sessão fotográfica para a capa desse álbum.

Gerson: A produção fotográfica é de autoria de Antonio Carlos Rodrigues (fotógrafo). Numa noite de inverno em São Paulo, criamos o cenário a ser fotografado usando uma folha de compensado com furos para que passasse nossas cabeças apoiada sobre cavaletes, umas bandejas de papelão prateada e os ingredientes dispostos sobre a mesa, como pães, vinhos e etc... Criando assim uma imagem que lembrasse um armazém de Secos e Molhados.

Em 1974, ocorre um show antológico no Maracanãzinho, em que dizem que ficou muita gente fora, estava lotado! Comente sobre esse show.

Gerson: O show do Maracanãzinho foi um divisor de águas para a indústria do show-business em nosso país. Até a nossa apresentação, não havia relatos de uma única banda ou artista ter se apresentado sozinho em ginásios. A ousadia de nosso empresário, Moracy do Val nos levou à esse espetáculo que lotou com mais de 25 mil pessoas assistindo e outras tantas do lado de fora.



Nesse mesmo ano, é lançado o segundo álbum, também homônimo ao nome da banda. Qual a repercussão desse disco na época, fez tanto sucesso quanto o primeiro?

Gerson: O segundo e último LP do extinto grupo foi lançado com os mesmos cuidados do primeiro porém, jamais obteve a mesma repercussão e aceitação apesar de ter vendido tanto quanto o disco anterior após seu lançamento.

"Flores Astrais" ganhou até videoclipe na época, que estreou no Fantástico. A televisão abria muito espaço ao Rock nessa época?

Gerson: Sim, nessa época haviam muitos programas com espaços para apresentações musicais em quase todas as emissoras nacionais.



Qual o motivo da banda ter se separado em tão pouco tempo?

Gerson: Houve um desentendimento administrativo que abalou a estrutura do grupo.

Logo após o fim dos Secos & Molhados, você entra em parceria com Zezé Motta, para lançar um disco no ano seguinte (1975), o Trem Noturno. Como surgiu essa parceria?

Gerson: Eu vinha de um trabalho em grupo e responsável pelos vocais, contudo, jamais havia gravado como solista. Resolvi então convidar a atriz/cantora Zezé Motta que na época fazia o musical “Godspel” para dividir esse primeiro registro em disco de minha carreira.

Após o álbum "Rosto Marcado" (de 1981), você decidiu abandonar o meio musical. O que você fez nesse meio tempo?

Gerson: Na verdade, não abandonei o meio musical pois, sempre me apresentei com shows ao vivo. Apenas acabei ficando fora das gravadoras que haviam mudado o perfil de trabalho nos anos 80. Como sempre fui contra a chamada produção independente em nosso país, acabei esperando uma oportunidade para voltar a gravar. Durante esse período, dividi minhas atividades entre a arquitetura e a música.

Nessa volta aos palcos, você está sendo acompanhado pela Trupi. Quais suas considerações sobre os músicos?

Gerson: A Trupi é antes de mais nada, um grupo de amigos, excelentes músicos que acreditam em meu trabalho como compositor e artista.



2013 é o ano de lançamento do livro "Meteórico Fenômeno - Memórias de Um Ex-secos & Molhados", livro em que você relata histórias e fatos da época em que você tocou na banda. De onde surgiu a ideia de relatar as tantas histórias da banda em livro?

Gerson: O livro surgiu como necessidade de resposta aos fãs e admiradores do extinto grupo e que nos cultuam até os dias de hoje, com a intenção de esclarecer informações que foram deturpadas pela imprensa ao longo desses anos. Escrevi em um momento de conscientização bastante adulta e com o distanciamento crítico necessário de quem havia sido parte dessa história.



Na celebração de lançamento do livro, aparece o Ney Matogrosso para prestigiar esse lançamento. Você manteve contato e amizade com o Ney por todos esses anos?

Gerson: Sim, Ney e eu mantemos uma relação social sadia desde a época do grupo.

Há possibilidade de alguma parceria futura entre você e o Ney?

Gerson: Talvez.



Esse livro, vem acompanhado de um CD, com as músicas "Rosa De Hiroshima" (uma regravação), e "Recado Direto". Qual sua inspiração para mandar esse "recado direto"?

Gerson: Direto Recado, foi um direito resposta que a revista "Isto É "me deu depois de uma entrevista polemica com o João Ricardo. Respondi em forma de poema e depois musiquei.

E em 2018, é lançado o álbum "Lago Azul", álbum lançado após 37 do último de estúdio. Como foi o processo de composição desse disco?

Gerson: Lago Azul reúne composições desde a década de 70, que não tive oportunidade de registrar em disco, até composições atuais. O repertório foi escolhido após nove meses de gravações quando paramos para ouvir o que havíamos produzido e foi resultado de primeira emoção, uma vez que havia registrado material para mais de um disco.



Qual a sensação de voltar a lançar álbum após tantos anos?


Gerson: Gratificante.

"Lago Azul" foi lançado primeiramente em plataformas digitais, e logo após, em formato físico. Qual sua opinião sobre as plataformas digitais elas ajudam o artista de alguma forma?

Gerson: Acho que as plataformas digitais ajudam a divulgar as gravações de um artista.

Quais os planos para o futuro de sua carreira?

Gerson: Continuar com saúde para cumprir o contrato de cinco anos com a gravadora Deck para lançar outros CDs e continuar com apresentações de Gerson Conrad & Trupi.

Gerson, foi uma imensa honra entrevistar você, um artista de grande importância para o Rock nacional!!Te desejo sucesso e tudo de bom na sua brilhante carreira... Passo a palavra para você, caso queira deixar algum recado aos seus fãs, e aos leitores do Blog.

Gerson: Foi um prazer conceder a entrevista ao Blog Brasil Rocker. Deixo aqui um forte abraço aos seguidores do blog. Sorte!



sábado, 25 de agosto de 2018

Dudé e a Máfia


A banda de Hard Rock Dudé e a Máfia surgiu em 2013 na cidade de São Paulo, a formação do grupo é composta pelos músicos Dudé (Vocalista), Ed Navarrette (Guitarra e Backing vocal), Luiz Cazati (Guitarra), Lennon Fernandes (Baixo), Sérgio Navarrette (Bateria e Backing vocal) e Leandro Lantin (Teclados).
Em fevereiro de 2017 foi lançado o primeiro registro oficial, o EP “Dudé e a Máfia” pelo selo Tratore. O EP foi gravado e produzido no Doc Studio e mixado no NVR Studio, este lançamento contém oito faixas, sendo duas delas gravadas ao vivo.



Em 2017 também foi lançado pela banda Dudé e a Máfia o álbum “Dudé e a Máfia – Ao vivo no Estúdio Showlivre”, este lançamento contém oito faixas e foi gravado e mixado no estúdio Showlivre.
A banda possuí diversos registros videograficos com destaque para os clipes das músicas “Batom Blues” e “Péssima Reputação”, A Dudé e a Máfia já participou de vários eventos e também produziu diversos eventos na cidade de São Paulo.
Atualmente a banda Dudé e a Máfia está em fase de composição de músicas para o seu próximo lançamento.


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Vodu: banda lança CD demo "Voodoo Doll"


Voltando com a mesma intensidade de 30 anos atrás, a banda de Heavy metal Vodu está lançando seu CD demo "Voodoo Doll", que conta com 5 faixas inéditas. A formação atual da banda é André Gois (vocal), J. Luiz Gemignani e Paulo Lanfranchi (guitarras), André Pomba Cagni (contrabaixo) e Sérgio Facci (bateria). O Vodu foi uma das bandas que mais tocou pelo Brasil (a tour do Final Conflict contou com mais de 40 shows pelo Brasil e Argentina, tocando com bandas como Venom, Exciter e Motörhead)


O CD pode ser adquirido pelo e-mail da Gravadora Classic Metal (sac@classicmetal.com.br), pelo custo de R$ 20,00 com frete



segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Falange


Em outubro de 2011 depois de um encontro inusitado em um enterro numa situação que envolvia uma tragédia (o suicídio de um grande amigo incomum, Marcos Peter Neuenhaus "Bubi", que foi baterista da banda Revenge), quatro amigos de longa data se unem pra relembrar os bons tempos da década de 80, nem todos já tinham tocado juntos, porém a ideia de se reunirem novamente para fazer um som acabou dando certo, a maioria estava sem fazer nada musicalmente há mais de 20 anos. Na guitarra Ivan Miotto (Slaughter), no baixo Marcelo Coletti (Slaughter, Blasphemer), na bateria Gilberto Menezes (Antichrist) e no vocal Luciano Piagentini (Atomic Thrasher). Começaram em janeiro de 2012 com essa formação e somente na bateria tiveram alterações.  Contaram com a experiência do Paulo César Madureira/Cerpa (Sacrifice) e com a impressionante técnica do nosso jovem amigo Caio Imperato (Forka) que gravou o EP e atualmente com Diego Henrique Rocha (Bastardo/Mace) que assumiu as baquetas. Diego também é o responsável pelo primeiro registro em estúdio, fazendo a captação, mixagem e masterização de nosso EP nas instalações do Bay Área Estudios sob sua produção. O EP conta com seis músicas, e a arte da capa foi criada pelo Rafael Romaneli (Zumbis do Espaço/Leatherfaces) 

O CD físico do EP saiu por enquanto em 3 situações, de forma independente no Brasil e com parceria das gravadoras ElCheapo Recordz do Canadá e pela Bunch Records na Itália, a distribuição nacional foi fechada com a RedStar Recordings. A banda se encontra em processo de criação e agendando datas para apresentação do material atualizado.

Preço do CD: R$ 10,00

Caravela Escarlate


A Caravela Escarlate foi formada pelo músico e compositor David Caravelle, com o nome de uma de suas composições. Desde a adolescência, David era inspirado pelo rock progressivo e pela MPB, mesclando a música com o apreço pela ficção científica e histórias em quadrinhos. Durante a década de 90, David conduziu a banda por diversas formações e frequentes períodos de inconstância. Em 2011, consegue consolidar o projeto a partir da parceria com o tecladista paulista Ronaldo Rodrigues, recém chegado ao Rio de Janeiro. A banda adota a formação trio, contando com o baterista Tadeu Filho, com David Caravelle se alternando entre o baixo, a guitarra e os vocais. De 2011 a 2015 a banda monta seu repertório a partir das composições de David Caravelle, com a contribuição de Ronaldo Rodrigues para os novos arranjos. A dificuldade em fixar um baterista para a banda levou a banda a lançar o primeiro disco apenas em 2016, como um duo e com canções inteiramente instrumentais chamado Rascunho. Apesar da produção modesta, o disco atingiu boa repercussão. Em 2016, passa a integrar a banda o veterano baterista Elcio Cáfaro (que já tocou com Flavio Venturini, Cássia Eller, Chico Buarque, MPB-4, Edu Lobo e muitos outros nomes famosos da MPB). A estreia da formação ocorreu em festival da Cena Carioca de Música Progressiva (CCMP), coletivo de bandas progressivas que a Caravela Escarlate fundou junto com outros novos grupos cariocas. A partir de então, a banda experimenta uma trajetória crescente de reconhecimento junto ao público e a crítica. Em 2017, inicia a gravação de seu segundo álbum, autointitulado, com o repertório em trio. Gravado ao vivo no Estúdio Mata, em cerca de 40 horas, sob supervisão do engenheiro

de som Sergio Filho, o álbum foi lançado em parceria com a produtora Vértice Cultural e o apoio do produtor Rogerio Favilla. Em pouco tempo, o álbum alcança boa visibilidade no cenário progressivo nacional, com resenhas elogiosas em sites, fóruns e revistas

especializadas do Brasil e do exterior. Em 2018, a banda participa do Festival Totem Prog em São Paulo, junto com Terreno Baldio, Som Nosso de Cada Dia, Arcpelago e Kaoll e assina contrato com o selo norueguês Karisma Records para relançamento do segundo álbum na Europa, em CD e LP.

DISCOGRAFIA:


Rascunho (2016)


Caravela Escarlate (2017)

Contatos:

Facebook: https://www.facebook.com/caravelaescarlate/
Blog: https://caravelaescarlate.blogspot.com/
E-mail: 
caravelaescarlate@gmail.com
YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCcw4bbvUIIvasrvHf5yqddA


Eric Assmar Trio


Despontando como um dos novos representantes da cena blueseira no Brasil, o jovem guitarrista, cantor e compositor baiano Eric Assmar traz, à frente de seu grupo Eric Assmar Trio, uma proposta musical inspirada nos “power trios” de blues/rock dos anos 60 e 70. Com o início de suas atividades com o Trio em 2009, o artista conta com dois CDs lançados: “Eric Assmar Trio”, de 2012, e “Morning”, de 2016.

Vencedor do troféu de “Melhor Instrumentista” pelo Prêmio Caymmi de Música (2015), no qual concorreu com nomes de peso da música baiana, e filho do pioneiro do blues na Bahia (o saudoso e eterno Álvaro Assmar) Eric, hoje aos 30 anos, desenvolve sua carreira blueseira/roqueira desde sua adolescência, fazendo shows em diversas cidades e residindo em Salvador.


Ao longo dos anos, tocou e gravou ao lado de diversos artistas como Álvaro Assmar, André Christovam, Marcelo Nova, Os Panteras (parceiros musicais de Raul Seixas) e Vandex (com quem se apresentou no festival SXSW, em 2009, em Austin, Texas). Em 2010, Eric Assmar graduou-se em Licenciatura em Música, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e conquistou em 2014 o título de Mestre em Música no Programa de Pós Graduação em Música da UFBA (PPGMUS-UFBA) na área de Etnomusicologia, com uma pesquisa sobre a prática do blues na cidade de Salvador, com bolsa concedida pelo CNPq.

Atualmente, Eric Assmar cursa o Doutorado em Música, também pelo PPGMUS-UFBA, na área de Educação Musical, conduzindo, desde 2015, uma pesquisa sobre possibilidades no ensino da guitarra blues no Brasil. Eric tem uma atuação regular como pesquisador, no que diz respeito ao cenário musical do blues no Brasil e no mundo, estando em contato frequente com artistas de diversas partes e sempre pesquisando sobre festivais, lançamentos fonográficos do gênero, datas comemorativas, dentre outros acontecimentos.

Desde janeiro de 2018, produz e apresenta o programa semanal Educadora Blues, pela Rádio Educadora FM (Bahia), proporcionando aos ouvintes um contato com lançamentos de artistas de blues no Brasil e no mundo, através de uma rádio pública. Trata-se de uma continuidade à missão de seu pai, Álvaro Assmar, que teve uma larga experiência como radialista e foi o grande idealizador e produtor do Educadora Blues por quase 15 anos ininterruptos (de abril de 2003, até dezembro de 2017, quando veio a falecer de maneira precoce).

Sob a produção de Álvaro Assmar e do próprio Eric Assmar, trazendo uma proposta inteiramente autoral, o álbum de estreia do Eric Assmar Trio (2012) teve seu show de lançamento filmado, gravado e veiculado em especial de televisão com exclusividade pela emissora TVE Bahia em duas ocasiões, para todo o estado.


O álbum e sua consequente turnê renderam uma boa repercussão na crítica especializada, evidenciada em matérias publicadas nas revistas Guitar Player (abril de 2015, por Heverton Nascimento), Guitar Load (fevereiro de 2013, por Fernando Paul), e em menção no portal online do Wall Street International, de Nova Iorque, em matéria publicada em março de 2015 pelo jornalista canadense Art Zantinge sobre o blues no Brasil. 

Em outubro de 2015, a revista Guitar Player trouxe em sua capa uma homenagem ao blues, celebrada com uma entrevista com três grandes ícones do cenário brasileiro. Eric Assmar foi citado pelo pioneiro do blues no Brasil, André Christovam, como um dos bons nomes que dão continuidade ao estilo no país. Christovam destacou: “Sangue novo e vitaminado!”.

Formado atualmente por Eric Assmar (guitarra e voz), Rafael Zumaeta (baixo) e Thiago Brandão (bateria e vocais), o Eric Assmar Trio lançou em julho de 2016 seu segundo CD, “Morning”, também inteiramente autoral. Produzido pela dupla Álvaro Assmar e Eric Assmar, “Morning” traz uma sonoridade mais comprometida com o blues, dialogando com elementos do rock, pop e soul music, marcando um momento criativo importante na trajetória do grupo e evidenciando uma identidade mais consolidada nas composições de Eric Assmar.



O show de lançamento de “Morning”, realizado no Teatro do IRDEB, foi também gravado, filmado e veiculado com exclusividade pela emissora TVE Bahia, em 2016, para todo o estado, e no primeiro semestre de 2017 foi transmitido pela TV Brasil, para todo o país.

O Eric Assmar Trio passeia por influências de diversas épocas do blues, do rock e da soul music, resultando em um trabalho consistente nas composições próprias, que ganham novo fôlego em suas performances ao vivo, marcadas por muita espontaneidade e energia nos improvisos do grupo.

Em outubro de 2016, como parte da turnê de “Morning”, Eric Assmar esteve em Nova Iorque (EUA), onde realizou apresentações em duas casas de show no Harlem, tradicional bairro de Manhattan, representando o blues brasileiro em um dos berços do blues mundial. Na ocasião, o artista apresentou um repertório inteiramente autoral e contou com uma boa receptividade do público estrangeiro.


Em agosto de 2017, foi a vez do “Morning” aportar em terras canadenses, com show realizado pelo artista em uma tradicional casa de shows de blues da cidade de Toronto, novamente com repertório autoral e uma excelente aceitação do público local.

Desde o lançamento de “Morning”, o Eric Assmar Trio vem apresentando seu novo show para diferentes plateias, já tendo passado também por palcos como o do Teatro do IRDEB e Parque da Cidade, em Salvador, além do VI Festival de Blues de Londrina-PR e de shows em São Paulo e Minas Gerais, com sucesso de público e crítica, conquistando um número cada vez maior de seguidores em cada lugar em que se apresenta.

Contato: +55 71 988524361 / 999291162

Salário Mínimo: assista o novo videoclipe da música "Tempo"

A banda de Salário Mínimo, formada atualmente por China Lee (vocais), Junior Muzilli e Daniel Beretta (guitarras), Marcelo Campos (bateria) e Diego Lessa (contrabaixo) lançou no dia 31 de julho, o vídeoclipe para a música "Tempo"

Facebook: https://www.facebook.com/bandasalariominimo/
Site: https://www.bandasalariominimo.com.br/

Giant Jellyfish



“Underwater Fuzz” é como a Giant Jellyfish define sua sonoridade que passeia entre estilos como o stoner, o rock psicodélico, o doom e o grunge. Formada em Santo André-SP, em meados de 2016 por Teka Almeida (teclado e voz), Rafa Almeida (guitarra), Tiba (baixo) e Leandro de Villa (bateria), a banda iniciou suas apresentações no início de 2017 e, desde então, tem feito shows na região do Grande ABC e São Paulo. Em abril de 2018 lançou seu primeiro álbum, autointitulado, gravado em apenas duas sessões no estúdio Acústica em São Caetano do Sul, com 6 faixas, incluindo “This Landscape of Steel”, cujo videoclipe (dirigido por Gabriel França) recheado de projeções psicodélicas, estreou em junho do mesmo ano.




Membros da banda:

Teka Almeida (Vocal e teclado)
Rafa Almeida (Guitarra)
Tiba (Baixo)
Leandro De Villa (Bateria)


CDs: R$10,00                    Camisas R$30,00

E-mail: giantjellyfishband@gmail.com





domingo, 19 de agosto de 2018

Entrevista Luiz Domingues

Hoje o Brasil Rocker tem a honra de apresentar uma entrevista com o lendário baixista Luiz Domingues, que já passou pelas bandas Língua de Trapo, A Chave do Sol, Patrulha do Espaço (entre outras), e atualmente está com Os Kurandeiros.  Ele fala sobre toda sua carreira, desde os primórdios até os dias atuais.


Luiz, seja bem vindo ao Brasil Rocker. É uma honra entrevistar um músico que contribuiu com várias bandas do Rock Nacional. Seja bem vindo e sinta-se a vontade!

Luiz Domingues: Muito obrigado pelo convite, Mateus Freire. Estou feliz e honrado em participar de seu Blog. Agradeço o seu elogio sobre o meu trabalho, certamente. E tem razão, por eu ter nesta altura, uma carreira já bem longeva, acumulei sob tal trajetória, participações significativas em várias bandas, com uma boa história para contar sobre cada uma delas.

Como a música entrou na sua vida?


Luiz Domingues:  Bem, nasci em 1960, e mesmo criança, foi impossível não ser impactado pelo furacão sonoro e cultural em geral, dos anos sessenta, sob múltiplas tendências. Entre 1963 e 1965, ouvi muita coisa pelo rádio, TV e na vitrola de casa. Em 1966 e 1967, comecei a mergulhar mais decisivamente nesse universo e a partir de 1968, entrei em uma progressão contínua, no formato de uma avalanche. E aí foi arrebatador não só pela música, mas é importante frisar que havia toda uma atmosfera que envolvia a música, embalada por valores contraculturais; movimento Hippie e outros elementos no bojo, portanto, a euforia gerada foi magnânima e empurrou-me para tal caminho, aliás, não só eu, mas centenas, talvez milhares de jovens que entraram na mesma sintonia em acreditar que construiríamos um mundo melhor a partir da tomada de novas posturas adquiridas e a música a ter um papel enorme nessa equação, como força motriz para impulsionar-nos.



O que te fez optar pelo contrabaixo?

Luiz Domingues: Foi meramente ocasional e um reflexo direto do que exprimi na resposta anterior. Ou seja, naquela época, mais importante do que nutrir simpatia por um instrumento em específico, foi o sentimento em querer atuar na música na forma que fosse possível. Eu queria estar dentro de uma banda de Rock e não importava-me a maneira em que isso transcorresse. Então, quando recebi o convite para formar uma banda, da parte do guitarrista, Osvaldo Vicino, ele perguntou-me se eu tocava algum instrumento e eu respondi-lhe que nenhum. Perguntou-me a seguir se eu cantava e claro que eu não tinha nenhuma noção. Então, ele propôs que eu fosse o baixista da banda e lógico que eu aceitei, mesmo sem saber nada sobre o instrumento. Coloquei-me a estudar os rudimentos do instrumento e da teoria musical e assim iniciou-se a minha carreira, quando a minha primeira banda foi fundada, o Boca do Céu, em abril de 1976. Em agosto desse mesmo ano, um jovem e também inexperiente vocalista, chamado, Laert Julio, ingressou em nossa banda. Ele viria a ser o Laert “Sarrumor”, posteriormente, do Língua de Trapo. Em síntese, não eu nunca tive nenhum apreço especial pelo baixo, mas apenas foi o que o destino jogou em minhas mãos como ferramenta para estar inserido em uma banda de Rock e esse foi o meu real objetivo. Claro, com o tempo, criei uma afinidade com o instrumento, mas não sou nenhum fanático e pelo contrário, gosto de todos os instrumentos, pois na verdade, eu gosto de música e não de uma ferramenta em si.

Quais os músicos e bandas que mais te influenciaram no início de carreira?

Luiz Domingues: Se for elaborar uma lista com nomes de artistas que admiro e influenciaram-me direta ou indiretamente, ocuparia um espaço gigantesco da entrevista e fatalmente, depois de publicada, poderia gerar-me algum arrependimento por eu ter esquecido em mencionar diversos outros. Então, para não frustrar os leitores, digo que aprecio muita coisa. O Rock é o carro chefe, mas gosto também de Blues; Black Music (Soul / R’n’B / Funk - o verdadeiro, por favor); algumas vertentes do Jazz; Música erudita em geral; MPB; Folk europeu; norte-americano e brasileiro; música étnica de diversos países; Trilhas sonoras de filmes / seriados & desenhos animados etc. E para situar o Rock, a Black Music e a MPB, a base primordial fica entre as décadas de cinquenta e setenta, predominantemente e o cancioneiro Folk e o Blues, mais para trás, anos vinte a quarenta, em linhas gerais. Especificamente dentro do Rock, gosto de Rock’n Roll clássico, cinquentista; todas as vertentes dos anos sessenta e setenta; Blues-Rock; Acid Rock; Psicodelia; Hard-Rock; Pop; Glitter-Rock; Jazz-Rock e Soft-Rock.

Como começou sua carreira profissional?

Luiz Domingues:  Bem, já adiantei essa resposta, anteriormente. Mas acrescento, que em 1975, eu estava decidido a mergulhar no universo do Rock, mas somente em abril de 1976, surgiu-me a oportunidade concreta, quando o guitarrista, Osvaldo Vicino, formulou-me o convite para fundarmos o “Boca do Céu”, minha primeira banda.



No final dos anos 70, foi fundada a banda Língua de Trapo. Como aconteceu a fundação da banda?

Luiz Domingues: Quando o Boca do Céu encerrou atividades, por volta de abril de 1979, o Laert Sarrumor já estava a cursar jornalismo na Faculdade Cásper Líbero e ali conhecera uma série de músicos, todos igualmente estudantes de jornalismo. Formou-se um grupo de música para realizar um recital de música e poesia dentro de uma sala de aulas da Faculdade, que foi realizado em junho desse mesmo ano. Por não ter achado nenhum baixista na turma, o Laert encaixou-me, mesmo eu ainda sendo um secundarista em meio aos demais, todos universitários. Fizemos o recital com grande sucesso e daí marcou-se mais uma data a seguir e depois disso, esse embrião primordial, tornou-se o Língua de Trapo e a banda ganhou enfim o contorno do humor e da sátira sociopolítica, como seu carro chefe. Daí em diante, foram muitos shows e participações em festivais, no âmbito universitário e a banda galgou muitos degraus, com sucesso.

Em 1984, foi lançado o primeiro compacto do Língua de Trapo, o "Sem Indiretas". Como foi para você entrar em estúdio para gravar pela primeira vez?

Luiz Domingues: Na verdade, a primeira vez em que eu entrei em estúdio com o Língua de Trapo, foi em 1980, quando gravamos a primeira Demo-Tape, que recebeu o nome de : “Sutil como um Cassetete”, que apesar ter sido lançada apenas no formato de uma fita K7, foi vendida informalmente e com um sucesso muito surpreendente para a banda, na época. Eu saí do Língua de Trapo em janeiro de 1981 e não gravei o primeiro disco, o LP homônimo de 1982 e que alavancou o Língua de Trapo ao sucesso em grande escala. Voltei para a banda em outubro de 1983 e o Compacto, “Sem Indiretas”, foi gravado enfim com a minha participação, mas não foi em estúdio. Trata-se de um disco gravado ao vivo no Teatro Lira Paulistana, de São Paulo. Portanto, meu primeiro disco oficial na minha carreira, foi na verdade gravado ao vivo.


Como foi a repercussão do compacto na época?

Luiz Domingues: Foi fantástica! A banda vivia grande momento em sua carreira, com forte repercussão midiática e sob uma agenda frenética a emendar temporadas coladas em temporadas, sem tempo para respirar, realizadas em São Paulo e Rio, principalmente, mas com passagens pelo Paraná; Minas Gerais e cidades do interior de São Paulo.


Em 1982, você  vai tocar na banda A Chave do Sol, uma banda com sonoridade diferente da que você estava tocando antes. Você se adaptou em tocar essa nova sonoridade, ou já era um tipo de som que ouvia e sabia como era o "esquema"?

Luiz Domingues: Quando eu saí do Língua de Trapo pela primeira vez, no início de 1981, foi para dedicar-me a uma banda cover, chamada, “Terra no Asfalto”, que nunca teve pretensão em fazer música autoral, mas teve em suas fileiras músicos com enorme calibre técnico e acumulou muitas histórias interessantes. Portanto, valeu a pena ter sido componente, não só para ganhar dinheiro, a tocar pela noite paulistana, mas tal banda foi uma escola fantástica, que preparou-me para estar apto a montar enfim uma banda de Rock autoral. E foi o que ocorreu quando essa banda encerrou atividades. Como uma última tentativa para mantê-la viva, uma pessoa amiga apresentou-nos um possível guitarrista para a reformularmos, chamado Rubens Gióia. Assim que conhecemo-nos, percebemos que a melhor atitude seria fundarmos uma banda autoral, e assim nasceu, A Chave do Sol. Eu sugeri o nome do José Luiz Dinola e assim, o trio básico começou a trabalhar. Sobre a sonoridade, nos primórdios, a nossa meta foi fazer o que gostávamos, ou seja, Rock 1960 / 1970, sob múltiplas vertentes, na concepção minha e do Rubens. E da parte do Zé Luiz, seu gosto pessoal era mais fechado no Jazz-Rock, também setentista. Esse foi o nosso som no começo e fomos a mudar com o tempo, para tentar adequações ao mercado oitentista, pois visávamos adentrar o mainstream e infelizmente abandonamos a pureza inicial de nossos propósitos para entrar nessa busca.


A Chave do Sol teve algumas formações, com ótimos músicos. Dentre essas, qual a que você acha mais consistente e coesa?

Luiz Domingues: Pelo companheirismo, eu gosto de todas as fases, pois em todas, tivemos alegrias. Particularmente, a que eu mais gosto é a do início, entre 1982 e 1983, com aquela euforia gerada pelas primeiras pequenas conquistas e o trabalho, como já explanei anteriormente, mais próximo de nossas raízes sessenta / setentistas. Mas claro que as fases posteriores tem seus méritos e proporcionou-nos muitas alegrias, decorrentes da boa exposição midiática que geramos e consequente formação de um público muito grande para uma banda que chegou perto do mainstream, mas que na realidade, nunca o adentrou, de fato.


Em 1989, entram em estúdio e gravam um LP chamado "A New Revolution", pelo selo Devil's Discos, com o nome The Key, e logo após a gravação você sai. Quais os motivos que ocasionaram sua saída da banda?


Luiz Domingues: Bem, aqui tem um equívoco de avaliação da parte da maioria das pessoas. “A Chave” (que depois mudou de nome para “The Key”), é uma outra banda, na realidade. Ela nasceu de fato como uma dissidência da Chave do Sol, mas não foi a sua continuidade, como muita gente pensa. Tratou-se de uma banda com outra sonoridade, formação e propósito artístico, versada por uma estética diferente. Minha saída foi por conta disso mesmo, a contrariedade em termos de apreço pela estética adotada. Eu participei do início por uma série de motivos que estão explicados detalhadamente no texto do meu livro autobiográfico, mas que aqui ficaria muito longo para esclarecer. O importante é deixar claro, que trata-se de uma outra banda que lançou esse disco único e portanto, o LP “A New Revolution” não faz parte da discografia da Chave do Sol.

No que você se dedicou entre 1989 e 1992 (época em que não tocou em bandas autorais)?

Luiz Domingues: Nesse período em que saí dessa banda, “A Chave / The Key”, realmente permaneci, do final de 1989, até janeiro de 1992, sem estar em uma banda autoral, oficialmente, e constituiu o maior hiato que tive na carreira, nesse sentido. Contudo, não fiquei parado e pelo contrário, fiz muitos trabalhos como músico convidado para bandas Tributo e participei de inúmeros projetos de banda, ou que não deram certo ou que cheguei a tocar ao vivo e gravar Demo-Tape, mas que nem computei como trabalho oficial, por ter durado muito pouco. São vários capítulos a tratar desses empreendimentos, que eu denominei como : “Trabalhos Avulsos”, no livro.

No ano de 1992, você entrou na banda Pitbulls on Crack. Como foi pra você tocar nessa banda, que tinha uma sonoridade diferente de tudo que você havia feito antes?

Luiz Domingues: Foi exatamente uma aposta em um som avesso ao que eu sempre gostei. Aquela sonoridade entre o Indie Rock noventista e o Grunge, com um pé no Punk Rock, que aliás é um gênero que eu não gosto nem um pouco, pareceu-me ser uma oportunidade para transitar no campo do “inimigo”. Teria sido o tipo de som que a “inteligentzia” que dominava a mídia mainstream, costumava adorar e eu considerei, ingenuamente, que se lutasse com o exército inimigo, poderia vencer a guerra, mas isso não ocorreu. Metáfora e brincadeira a parte, tirante a parte verdadeira dessa afirmação que fiz anteriormente, os companheiros foram (são), pessoas sensacionais e digo sem medo de errar que foi a banda onde mais diverti-me, pois o astral sempre foi ótimo pelas brincadeiras por eles perpetradas, em meio a três piadistas natos, que são. No Pitbulls on Crack eu sentia-me como um membro do Monty Phyton, tamanha a quantidade de risadas que dei naqueles cinco anos vividos com eles pelos bastidores de shows e emissoras de rádio & TV; estúdios de gravação etc. E curiosamente, a tal sonoridade acre, foi mudada rapidamente, pois eu comecei a colocar linhas de baixo mais sofisticadas e quebrei aquela aspereza, “indie”. Rapidamente, ainda bem no começo de 1992, mais soávamos como uma banda britânica de Glitter Rock setentista, tanto que logo a revista Bizz percebeu e soltou uma nota a falar que parecíamos o “Mott The Hoople”, em plenos anos noventa! Opa, que ótimo, missão cumprida! Fora isso, essa banda teve bastante abertura midiática e acredito que só não subiu mais na carreira, por cantar em inglês, um erro estratégico a barrar a nossa chegada ao mainstream, eu creio. E mais um dado, foi um prazer conviver com os três colegas que tive, todos ótimas pessoas e super divertidos no cotidiano.


Antes de entrar no Patrulha do Espaço, você tocou em uma banda chamada Sidharta. Existe algum registro dessa banda? Qual era a sonoridade da banda?

Luiz Domingues: Então, tocar no Pitbulls on Crack foi super prazeroso por muitos aspectos, mas mesmo quando forcei essa banda a soar sessenta / setentista, quando gravamos o CD Lift Off em 1996, na prática, a banda não foi a plataforma ideal para eu buscar o resgate estético que eu desejava realizar em minha carreira. Daí, minha única alternativa foi sair e montar enfim, um banda 100 % coadunada com os ideais contraculturais das décadas de sessenta e setenta, meu objetivo acalentado desde os anos setenta. Portanto, o Sidharta foi isso em essência, uma banda fechada na ideia em soar como se fosse uma banda situada entre aquelas duas décadas citadas, mas sob um leque imenso de possibilidades sonoras. A ideia seria radicalizar, esteticamente, inclusive a inserir signos esparramados não só pela música em si, que produziríamos, mas a expressar tudo isso nas letras das canções; no figurino que adotássemos; adereços; cenários e múltiplos outros detalhes inerentes. Sobre material dessa banda, temos apenas dois vídeos com músicas tocadas em ensaio e muitas gravações de áudio de ensaios, que um dia poderão ser digitalizadas e lançadas. Nunca tocamos ao vivo ou gravamos oficialmente, pois essa banda que na prática foi apenas um projeto, compôs 22 músicas, mas elas foram aproveitadas, posteriormente pela Patrulha do Espaço, quando eu; Marcello Schevano e Rodrigo Hid, levamos o espírito do Sidharta para fundir-se à Patrulha do Espaço. E também houve regravações de outras canções do Sidharta no “Pedra” e para um disco solo do Marcello Schevano, que começou a ser gravado por volta de 2007, mas foi engavetado, a seguir. Mas nada impede que seja lançado no futuro e contém uma canção composta no tempo do Sidharta.



Em 1999, você é convocado para tocar no Patrulha do Espaço (do mestre das baquetas Rolando Castello Junior) e chegou a gravar cinco discos com a banda. Já vi muita gente dizer q a formação em que você tocou foi a melhor de todas! Como foi para você tocar com o Patrulha?

Luiz Domingues: Foi a continuidade que eu descrevi na resposta anterior. O José Luiz Dinola, que fora o baterista da Chave do Sol, esteve conosco no Sidharta, mas chegou em um ponto, após meses com ensaios, que ele mostrou-se insatisfeito com a nossa proposta tão radicalmente retrô e decidiu sair. Tínhamos 22 músicas ótimas em mãos, mas sabíamos que para convidar outro baterista, só daria certo se fosse alguém que pensasse e vibrasse sob o mesmo parâmetro, literalmente, como nós, portanto, abordamos o Rolando Castello Junior, que não é apenas um baterista monstruoso, mas alguém que tinha essa mesma cultura Rocker, fortíssima e mais que isso, era egresso da época, por ser um grande personagem dos anos sessenta e setenta, portanto, vivera intensamente toda essa vibração. Foi quando ele convenceu-nos que não haveria o menor cabimento em montarmos uma banda da estaca zero, com essa proposta tão radical, mas se a Patrulha do Espaço voltasse, seria tudo mais fácil para o trabalho fluir. Perfeito, trouxemos sangue novo e cheio de energia Rocker genuína, baseada em ideais, mas através de uma banda com história; fãs; respeito; tradições etc. Portanto, não começamos da estaca zero, mas já muito avançados, como uma banda famosa. E sobre isso, foi fantástico exercer tudo o que sonháramos nos tempos do Sidharta, na prática. Foram centenas de shows, muitos sob profunda comoção por verificarmos a sinergia dessa proposta Rocker retrô, em plena comunhão com plateias jovens. Fomos uma banda dos anos 2000, mas a tocar com a energia de 1970, e para plateias que não eram nascidas nessa época, mas que ansiavam por vivenciar tal vibração. Foi portanto, uma realização de meta, que atingi, nesse sentido. E isso sem contar com os discos que eternizamos, dos quais, muito orgulho-me.



Com a sua saída da Patrulha do Espaço, é formada a banda Pedra, com seu companheiro da Patrulha Rodrigo Hid, além dos guitarristas Xando Zupo e Tadeu Dias, e o batera Alex Soares. Assim que a banda é formada, os músicos já correm atrás, para a gravação do primeiro álbum. Como foi o processo de composição/ gravação desse disco?

Luiz Domingues: Mesmo por haver os aspectos positivos, houve um desgaste natural e assim, pouco tempo depois de sair da Patrulha do Espaço, sentia-me cansado e pensei em parar. Apesar da parte artística maravilhosa, ser Rocker em um país como o Brasil é um exercício permeado por adversidades, algumas até intransponíveis. Então, eis que surgiu o convite da parte do guitarrista, Xando Zupo, e apesar de eu sentir-me cansado e um tanto quanto descrente da música autoral, fui conhecer o trabalho e gostei, principalmente pela proposta em não fechar exatamente no Rock, mas com aberturas para a Black Music; MPB e até para o Folk. De fato já havia esse núcleo, por você citado, com tais músicos talentosos e assim nasceu o Pedra. Mas rapidamente a banda passou por reformulações e apesar do Alex Soares ter gravado o primeiro álbum, foi com Ivan Scartezini que o grupo entrou mesmo na estrada. A maioria das canções foram da autoria do Xando, que é um compositor muito competente e com a entrada do Rodrigo Hid, a banda ganhou ainda mais em talento criativo. Foi a banda onde mais toquei Black Music, Soul Music sobretudo, uma vertente que eu adoro, mas não havia dado muita vazão em trabalhos anteriores, a não ser em alguns aspectos do trabalho do Sidharta e na Patrulha do Espaço. Meu lado Motown / Stax, aflorou e pude enfim tocar aquele swing que eu ouvia no som do Otis Redding, em 1968, e que enlouquecia-me.



A banda Pedra encerrou as atividades em 2011, logo em seguida você foi chamado para tocar n'Os Kurandeiros, banda que você participa atualmente. Como foi essa "convocação" para a banda?

Luiz Domingues: Bem, o Pedra teve duas fases. Quando acabou em 2011, eu não queria ter encerrado as atividades. Fui pego de surpresa pela decisão dos demais e com essa parada forçada, recebi alguns convites, todavia, aceitei o do Kim Kehl que teve peso duplo. Ele queria que eu integrasse Os Kurandeiros, mas também entrasse com eles no “Nudes”, a banda de apoio do compositor, Ciro Pessoa, ex-Titãs e ex-Cabine C. Em princípio fiquei um tanto quanto atônito sobre o Nudes, por conta dos trabalhos pregressos do Ciro, versados pela estética do Pós-Punk oitentista, que eu sempre critiquei, em via de regra, por inúmeros fatores e tudo muito bem detalhado no meu livro. Mas surpreendi-me, pois o trabalho solo do Ciro, era na verdade baseado na psicodelia sessentista explícita e aí, mesmo não tendo tido uma grande profusão de oportunidades, foi divertido demais fazer parte dessa loucura baseada em surrealismo puro. Contudo, sobre Os Kurandeiros, que é o âmago da sua pergunta, eu sabia do que tratava-se e não tive nenhuma reserva. Não tive nenhum receio sobre choque estético e muito pelo contrário, tudo o que influenciava a banda estava dentro das minhas predileções, tranquilamente. Temi apenas, em princípio, não estar apto a tocar Blues com a desenvoltura necessária, pois engana-se o músico mal informado, que o Blues, por ter uma estrutura harmônica supostamente repetitiva, seja algo fácil para tocar-se. Sofri um pouco no começo, mas o Kim e o Carlinhos deram-me total respaldo e logo entrosei-me. Adoro tocar com essa banda por múltiplos motivos e entre os quais, pelo leque aberto dentro do Rock e do Blues vintage, a passear por inúmeras vertentes. Naquele panorama que envolve o Rock; Blues e Black Music em geral, incluso a Country Music; Surf Music e até certas vertentes do Jazz e do Gospel secular, é uma delícia tocar com Os Kurandeiros. E soamos muitas vezes como Hard-Rock e Acid Rock sessentista. Tem certas Jams que fazemos no improviso total em que eu sinto-me a tocar com o Grateful Dead, a passar pelo Jimi Hendrix Experience e Led Zeppelin. É uma gama gigantesca de possibilidades sonoras que essa banda faz uso e isso sem contar o astral interno da banda que é ótimo. Somos muito companheiros, solidários e unidos.



A Banda Pedra lançou o último disco (Fuzuê) que só saiu digitalmente. Qual sua opinião sobre o lançamento de material em plataformas digitais, isso ajuda na divulgação da banda?

Luiz Domingues: Bem, o fato do terceiro álbum do Pedra ter saído somente em versão digital não foi algo estudado como alguma estratégia de marketing, mas meramente motivado pelo desgaste sentido no interno da banda e quando quase não havia mais forças para projetar a continuidade do trabalho, foi a melhor solução encontrada para deixar o material, como um legado final da banda, aos seus fãs.

O que podemos esperar de novidades dos Kurandeiros para o futuro?

Luiz Domingues: Muita coisa, temos planos para tocar e gravar. Agora em julho de 2018, a banda lançou dois CD’s ao vivo com material da nossa formação atual e formações anteriores. Trata-se dos CD’s : “Rádio Pirata Rock Ao Vivo” e “Piratão”. O primeiro, contém material gravado ao vivo em programas de Rádio e TV, em diversas ocasiões entre 2015 e 2017, com a formação da qual faço parte e várias faixas de uma ocasião ocorrida em 2009, com uma formação pregressa. E o “Piratão”, trata-se de um show de 2009, com essa formação anterior, realizado no Centro Cultural São Paulo. E ainda não encerramos os esforços de divulgação para a canção, “Andando na Praia”, que foi lançada em maio, como single.



Você acompanha essa cena de bandas novas de Rock que vem surgindo no Brasil?


Luiz Domingues: Sim, pois tenho sido constantemente abordado para ouvir e resenhar o trabalho de artistas novos em meu Blog. Já escrevi mais de trinta resenhas sobre artistas excepcionais, mas na verdade, sei que isso representa apenas um microcosmo. Em realidade, a quantidade de artistas qualificados; inspirados, criativos e até geniais, é enorme. Então, faço o meu papel com muito prazer em dar espaço em meu humilde Blog para que tenham um pouco de visibilidade, visto que estão totalmente à margem da difusão cultural oficial. É o caso do seu Blog Brasil Rocker, igualmente, Mateus Freire, que faz o mesmo trabalho e isso deixa-me imensamente feliz por saber que não estou sozinho nessa luta árdua.


Em mais de 40 anos de carreira, com participação e tantas bandas e álbuns, qual o projeto que mais te marcou e que você mais se orgulha de ter participado?

Luiz Domingues: Não posso apontar um em específico. Todos foram importantes e motivo de meu orgulho. Enalteço cada um deles com carinho, respeito e faço o máximo para manter viva a memória dos trabalhos encerrados, que realizei no passado. No entanto, apesar de valorizar e muito, tudo o que eu já fiz, eu sempre penso que o melhor trabalho é o que faço na atualidade, por ele estar vivo, no seu pleno frescor artístico. Portanto, estou plenamente empenhado em valorizar Os Kurandeiros.



Bem, estamos chegando ao final da entrevista... Foi uma grande honra para mim entrevistar um dos 3 melhores contrabaixistas brasileiros, e que você continue sendo essa pessoa simpática e intelectual! Passo a palavra para você, caso queira dar algum recado recado aos seus fãs e aos leitores do Blog

Luiz Domingues: Eu que agradeço-lhe pelo convite e sobretudo, pelas palavras super elogiosas que proferiu em relação ao meu trabalho realizado, ao longo da minha carreira toda, também ao atual e igualmente à minha pessoa. Está de parabéns, certamente, por trabalhar com tanta dedicação para fazer deste Blog, um baluarte em prol do Rock Brasileiro, passado e presente. Tenha a certeza que só teremos um futuro se uma ação desse tipo prosseguir e multiplicar-se.

Convido os seus leitores a seguir as atividades da minha banda, Os Kurandeiros e visitar os meus Blogs! No meu Blog 1, reúno toda a minha produção com textos publicados em outros Blogs, Sites & revistas impressas e também lanço textos exclusivos. Não escrevo somente sobre música, devo alertar os leitores. No Blog 2, contém textos alternativos, geralmente crônicas, abro espaços para colunistas convidados e também publico trechos da minha autobiografia na música, em formato de micro capítulos. E uso o Blog 3, exclusivamente para tratar da carreira musical. Ali tem o texto na íntegra da minha autobiografia com os capítulos formatados igual ao livro impresso (que aliás, está a caminho), além de material em geral sobre todas as bandas onde eu atuei e atuo.

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Muito grato pelo espaço, Mateus. Longa vida ao Blog Brasil Rocker e ao Rock Brasileiro!