terça-feira, 28 de agosto de 2018

Entrevista Gerson Conrad

Hoje o Blog Brasil Rocker tem a honra de apresentar uma entrevista com o músico Gerson Conrad, ex-integrante da lendária banda Secos & Molhados, e atualmente vem trabalhando em sua carreira solo, com o disco "Lago Azul". Divirtam-se!!!


Gerson, é uma grande honra entrevistar você, que participou de uma das maiores bandas da história do Rock Nacional. Seja bem vindo, e sinta-se à vontade!!! Vamos lá: como a música entrou na sua vida?

Gerson:Meu contato e interesse por música se deu por incentivo e exemplo familiar aos meus (8) oito anos de idade. Meu avô materno era um tenor que chegou a ter um disco gravado na década de (40) quarenta e, tanto minha avó quanto minha mãe e sua irmã, tocavam piano, sendo minha tia, uma concertista de piano e minha primeira professora. A educação artística/musical era obrigatória em minha família.

Quais os artistas e bandas que mais te influenciaram?

Gerson: Na época, ouvia-se muita música jovem italiana, Elvis Presley, Chuck Burry entre outros, além da Bossa Nova é claro. Minhas influências musicais certamente nascem dentro desse cenário. Contudo, atribuo aos Beatles minhas referências.



O Secos & Molhados foi sua primeira banda?

Gerson: Sim, o Secos & Molhados foi meu primeiro grupo.

Como os integrantes da banda se conheceram?

Gerson: Conheci João Ricardo em 1967, pelo fato de ser meu vizinho e, logo começamos a idealizar o que se tornaria o Secos & Molhados. Ney Matogrosso conhecemos dois anos mais tarde por intermédio de Lulih compositora e amiga carioca.



De onde surgiu a ideia de criarem uma banda?

Gerson: Surgiu de meus encontros quase que diários com João Ricardo em tardes sonoras, em minha casa ou na casa dele.

Já vi alguns dizerem que o som dos Secos & Molhados é Progressivo, outros um Rock com MPB... Como você define o som da banda?

Gerson: Eclético, diria. Nossa proposta era fazer uma música de cunho universal, sem bairrismos ou regionalismos.

A banda era muito "extravagante" para a época, em relação ao visual e performance. A ditadura causou muitos problemas para a banda?

Gerson: Havia uma atenção aos nossos movimentos nesse período. Contudo, o que mais nos incomodava era a censura.


Em 1973, é lançado o álbum homônimo, um marco na história do Rock Nacional. A banda já tinha uma certa fama antes do lançamento desse disco, ou foi ele que alavancou a banda?

Gerson: O grupo alcançou uma certa notoriedade por ocasião de nossa primeira apresentação ao vivo, na Casa de Badalação e Tédio (Teatro Ruth Escobar) em São Paulo mas, foi após o lançamento do LP que nos tornamos nacionalmente conhecidos.

A música "Rosa de Hiroshima" é um poema de Vinicius de Moraes, "musicalizado" por você, e ele ficou muito feliz com isso. Você chegou a conversar com ele sobre isso?

Gerson: Conheci Vinícius de Moraes nos bastidores e camarins da TV Bandeirantes quando ambos gravávamos um programa da emissora. Ali apresentei minha composição a ele. Vinícius se emocionou e disse que minha música eternizaria seu poema, que até então não era tão conhecido.

Na capa do primeiro álbum, aparece apenas o Marcelo Frias da banda de apoio. O que aconteceu para que Willy Verdaguer e John Flavin não aparecerem na capa?

Gerson: Marcelo Frias, foi o único músico que em um primeiro momento, aceitou nosso convite para ser um integrante do grupo. Os outros músicos, preferiram trabalhar na condição de contratados.


Conte-nos sobre a sessão fotográfica para a capa desse álbum.

Gerson: A produção fotográfica é de autoria de Antonio Carlos Rodrigues (fotógrafo). Numa noite de inverno em São Paulo, criamos o cenário a ser fotografado usando uma folha de compensado com furos para que passasse nossas cabeças apoiada sobre cavaletes, umas bandejas de papelão prateada e os ingredientes dispostos sobre a mesa, como pães, vinhos e etc... Criando assim uma imagem que lembrasse um armazém de Secos e Molhados.

Em 1974, ocorre um show antológico no Maracanãzinho, em que dizem que ficou muita gente fora, estava lotado! Comente sobre esse show.

Gerson: O show do Maracanãzinho foi um divisor de águas para a indústria do show-business em nosso país. Até a nossa apresentação, não havia relatos de uma única banda ou artista ter se apresentado sozinho em ginásios. A ousadia de nosso empresário, Moracy do Val nos levou à esse espetáculo que lotou com mais de 25 mil pessoas assistindo e outras tantas do lado de fora.



Nesse mesmo ano, é lançado o segundo álbum, também homônimo ao nome da banda. Qual a repercussão desse disco na época, fez tanto sucesso quanto o primeiro?

Gerson: O segundo e último LP do extinto grupo foi lançado com os mesmos cuidados do primeiro porém, jamais obteve a mesma repercussão e aceitação apesar de ter vendido tanto quanto o disco anterior após seu lançamento.

"Flores Astrais" ganhou até videoclipe na época, que estreou no Fantástico. A televisão abria muito espaço ao Rock nessa época?

Gerson: Sim, nessa época haviam muitos programas com espaços para apresentações musicais em quase todas as emissoras nacionais.



Qual o motivo da banda ter se separado em tão pouco tempo?

Gerson: Houve um desentendimento administrativo que abalou a estrutura do grupo.

Logo após o fim dos Secos & Molhados, você entra em parceria com Zezé Motta, para lançar um disco no ano seguinte (1975), o Trem Noturno. Como surgiu essa parceria?

Gerson: Eu vinha de um trabalho em grupo e responsável pelos vocais, contudo, jamais havia gravado como solista. Resolvi então convidar a atriz/cantora Zezé Motta que na época fazia o musical “Godspel” para dividir esse primeiro registro em disco de minha carreira.

Após o álbum "Rosto Marcado" (de 1981), você decidiu abandonar o meio musical. O que você fez nesse meio tempo?

Gerson: Na verdade, não abandonei o meio musical pois, sempre me apresentei com shows ao vivo. Apenas acabei ficando fora das gravadoras que haviam mudado o perfil de trabalho nos anos 80. Como sempre fui contra a chamada produção independente em nosso país, acabei esperando uma oportunidade para voltar a gravar. Durante esse período, dividi minhas atividades entre a arquitetura e a música.

Nessa volta aos palcos, você está sendo acompanhado pela Trupi. Quais suas considerações sobre os músicos?

Gerson: A Trupi é antes de mais nada, um grupo de amigos, excelentes músicos que acreditam em meu trabalho como compositor e artista.



2013 é o ano de lançamento do livro "Meteórico Fenômeno - Memórias de Um Ex-secos & Molhados", livro em que você relata histórias e fatos da época em que você tocou na banda. De onde surgiu a ideia de relatar as tantas histórias da banda em livro?

Gerson: O livro surgiu como necessidade de resposta aos fãs e admiradores do extinto grupo e que nos cultuam até os dias de hoje, com a intenção de esclarecer informações que foram deturpadas pela imprensa ao longo desses anos. Escrevi em um momento de conscientização bastante adulta e com o distanciamento crítico necessário de quem havia sido parte dessa história.



Na celebração de lançamento do livro, aparece o Ney Matogrosso para prestigiar esse lançamento. Você manteve contato e amizade com o Ney por todos esses anos?

Gerson: Sim, Ney e eu mantemos uma relação social sadia desde a época do grupo.

Há possibilidade de alguma parceria futura entre você e o Ney?

Gerson: Talvez.



Esse livro, vem acompanhado de um CD, com as músicas "Rosa De Hiroshima" (uma regravação), e "Recado Direto". Qual sua inspiração para mandar esse "recado direto"?

Gerson: Direto Recado, foi um direito resposta que a revista "Isto É "me deu depois de uma entrevista polemica com o João Ricardo. Respondi em forma de poema e depois musiquei.

E em 2018, é lançado o álbum "Lago Azul", álbum lançado após 37 do último de estúdio. Como foi o processo de composição desse disco?

Gerson: Lago Azul reúne composições desde a década de 70, que não tive oportunidade de registrar em disco, até composições atuais. O repertório foi escolhido após nove meses de gravações quando paramos para ouvir o que havíamos produzido e foi resultado de primeira emoção, uma vez que havia registrado material para mais de um disco.



Qual a sensação de voltar a lançar álbum após tantos anos?


Gerson: Gratificante.

"Lago Azul" foi lançado primeiramente em plataformas digitais, e logo após, em formato físico. Qual sua opinião sobre as plataformas digitais elas ajudam o artista de alguma forma?

Gerson: Acho que as plataformas digitais ajudam a divulgar as gravações de um artista.

Quais os planos para o futuro de sua carreira?

Gerson: Continuar com saúde para cumprir o contrato de cinco anos com a gravadora Deck para lançar outros CDs e continuar com apresentações de Gerson Conrad & Trupi.

Gerson, foi uma imensa honra entrevistar você, um artista de grande importância para o Rock nacional!!Te desejo sucesso e tudo de bom na sua brilhante carreira... Passo a palavra para você, caso queira deixar algum recado aos seus fãs, e aos leitores do Blog.

Gerson: Foi um prazer conceder a entrevista ao Blog Brasil Rocker. Deixo aqui um forte abraço aos seguidores do blog. Sorte!



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