Lobotomia é uma das bandas pioneiras do Hardcore no Brasil, ao lado de bandas como Ratos de Porão, Armagedom, entre outras. Nessa entrevista, falo com Paulo Grego, baterista e membro presente em todas as formações. Abordamos sobre toda a carreira da banda, desde seus primórdios em 1984 até "Desastre", o mais recente lançamento do Lobotomia, de 2016.
De que
maneira a música Punk entrou na sua vida?
Grego: Quando ouvi pela primeira vez foi foda, as
letras o tipo de som paixão a primeira vista.
O que te fez
optar pela bateria?
Grego: Sempre gostei de bateria desde moleque mas só
fui conseguir uma batera aos 19 anos.
Em 1984, é
formado o Lobotomia. Como se deu o início da banda?
Por que o
nome “Lobotomia”?
Grego: Tínhamos outros nomes mas Lobotomia foi o que
prevaleceu.
Um ano após
sua formação, a banda é convidada a participar da coletânea “Ataque Sonoro”,
com as músicas “Faces da Morte” e “Lobotomia”. Como foi a gravação dessa
coletânea?
Grego: Foi nossa primeira
experiência em estúdio e neste dia gravamos juntos com o Ratos de Porão.
No ano de
1987, é lançado o primeiro álbum da banda, autointitulado “Lobotomia”, este que
possui clássicos da banda, como “Vítimas da Guerra”, “Indigentes do Amanhã”,
“Política Sionista”, etc. Qual foi o impacto desse disco na época?
Grego: Naquela época tudo era difícil, não existia
muitos estúdios de gravação nem técnicos que entendiam o estilo de som, até o
estúdio que gravamos o técnico nunca tinha gravado uma banda de Punk, ele só
gravava musicas evangélicas…(risos)
Em 1989, a
banda lança seu segundo álbum, “Nada é Como Parece”, contando apenas com você e
o Adherbal da formação do primeiro álbum. O que ocasionou a saída dos outros
integrantes?
Grego: Sempre acontece de alguém sair da banda. Acaba o
tesão, ou a pessoa quer fazer outras coisas, para mim é normal mudanças.
Houve uma boa
aceitação do público, quanto à mudança de formação?
Grego: Sim, não tivemos problemas com as mudanças.
A banda
passou por diversas formações ao longo de sua carreira. De que maneira isso
influencia na sonoridade de cada formação?
Grego: Muita coisa, porque cada integrante tem um
estilo diferente dos outros e com essas mudanças o som muda um pouco ou muito.
No início da
década de 1990, a banda resolve parar as atividades. O que causou essa pausa
naquela época?
Grego: Na época o Billy resolve
sair da banda, o filho dele tinha acabado de nascer e outros motivos pessoais
que o levaram a sair e na hora não tinha certeza se conseguia levar a banda
sozinho.
Nesse período
de inatividade do Lobotomia, você chegou a tocar em outras bandas?
Grego: Toquei com duas bandas:
SAFARI HAMBURGUERS e UKCT.
O que
ocasionou o retorno da banda, no início da década de 2000?
Grego: O motivo do retorno foi que o Lobotomia nunca
devia de ter parado, foi o que eu pensei quando a banda voltou.
Em 2008, é
lançado “Extinção”, terceiro álbum da banda. Como foi o processo de
gravação/composição, levando em conta o tempo sem gravar, e os novos adventos
das tecnologias de gravação?
Grego: Este álbum foi gravado com
quase todos os ex-integrantes que gravaram o “Nada é Como Parece”, mas muitas
músicas foram feitas antes do retorno dos integrantes. Pra falar a verdade não
foi uma gravação legal porque só tínhamos 2 dias de gravação, então os erros
que aconteciam eram arrumados na hora de mixar, enfim uma merda… (risos)
Em mais de
três décadas em atividade, a banda conta com várias turnês fora do Brasil em
seu currículo. Quais as principais diferenças entre tocar no Brasil e fora
dele?
Grego: Tudo. Os equipamentos, o apoio que a casa dá aos
músicos, mesmo a casa não enchendo eles pagam o que foi acordado, pelo apoio
que a banda recebe do público comprando o merchandising da banda e às vezes
eles compram até para o amigo que não foi e quando gostam do som da banda eles
realmente viram fãs.
Em 2016, é
lançado “Desastre”, quarto álbum de estúdio da banda. Nele, a banda incorpora
um som bem mais “Metal”, em relação aos álbuns anteriores. Quais as principais
influências em “Desastre”?
Grego: A banda era outra, eu era o
único original, era como se não fosse Lobotomia e sim outra banda que tocava
músicas do Lobotomia. Digo isto porque se fosse o vocalista original da banda e
o resto fosse outros músicos não teria muitos problemas, mas quando o original
da banda é o baterista, muda as coisas. Em relação ao som, sim mudou bem o
estilo.
Entre
“Extinção” e “Desastre”, há uma lacuna de 8 anos sem lançamentos, mesmo com a
banda em atividade. O que fez a banda ficar esse tempo sem gravar?
Grego: Neste tempo teve muito entre
e sai da banda e por isso não tinha muita música para gravar um álbum inteiro.
O Lobotomia
participa de um tributo a banda Simbiose, com a música “Quem vai Ganhar?”. Como
surgiu esse convite?
Grego: Conhecemos o Simbiose faz
tempo, tocamos com eles quando estiveram no Brasil em 2007 ou 2008, não lembro
a data certa, e tocamos com eles em Portugal em 2015.
No mesmo ano
de lançamento do “Desastre”, é lançada uma Demo dos primórdios da banda. De
onde surgiu esse material, e porque lançar tantos anos após essa gravação?
Grego: Quem lançou a Demo foi o
Mateus do NADA NADA RECORDS. Eu nem lembrava dessas músicas e nem aonde
gravamos elas, ficaram perdidas até o Mateus achá-las.
Essa Demo
conta com músicas que não estão em nenhum álbum, como “Presidente da
República”, “Vai se Fuder” e “Desordem e Regresso”. Por que essas não chegaram
a ser gravadas em estúdio?
Grego: Esta está na resposta anterior.
Quais as
principais diferenças da cena na década de 80 para atualmente?
Grego: Tudo era diferente. Era mais original, não era
divulgado na mídia, era realmente underground. Hoje em dia você compra uma
camiseta do RAMONES na Renner e paga sei lá quanto numa calça rasgada, naquele
tempo as pessoas normais se desviavam de você pelo visual.
Nos últimos
meses, foi divulgado em redes sociais da banda, vídeos da banda em estúdio,
gravando o que seria parte de um Split com o Social Chaos. Esse Split ainda
será lançado? Se sim, existe uma previsão de quando ocorrerá tal lançamento?
Grego: Não sei se vai ser lançado ainda, mas se não
sair colocarei as músicas na rede.
Grego, foi
uma honra poder entrevistá-lo. Sou fã do Lobotomia, e a contribuição da banda
para a música Punk/Hardcore/Crossover foi fundamental. Passo a palavra para
você, caso queira deixar algum recado aos seus fãs e aos leitores do Blog...